terça-feira, 31 de março de 2020

Até já, futuro


Era uma pequena viagem, só até ali, para ir buscar umas coisas ao trabalho. Agora trabalha-se em casa e vou tentar ter o máximo de coisas à mão para não precisar de sair. Pelo caminho, algumas pessoas. Tento resistir à tentação fácil de os recriminar. Afinal também estou na estrada, fora de casa. É o que isto tem de mau, mais facilmente pensamos o pior dos outros. Chego lá. O segurança cumprimenta-me com um ar de este ser o momento alto do seu dia – “há 3 dias que não falava com ninguém”, atira, com ar triste.
É do que tenho mais medo. Que depois de passar o vírus, não acabe o isolamento. Que se pense na maravilhosa eficiência e produtividade de estar em casa. E vão faltar as graças, os sorrisos espontâneos, as birras por causa da janela aberta, as reuniões infindáveis com pessoas a mais.
Até já, futuro.

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