terça-feira, 27 de junho de 2023

Ainda sobre rankings

 Acho que a discussão sobre os rankings das escolas é muito conveniente para quem devia geri-las. Adicionalmente ao que escrevi no post "Sobre rankings", ao ouvir o governo justificar-se com o facto de que há seleção de alunos, etc., etc., ocorre-me o seguinte exercício: vamos imaginar por instantes que não existia ensino privado. Quais seriam os planos para o desenvolvimento e melhoria do ensino e das escolas?

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Pai

O pai era uma pessoa boa. Conseguia conceber um mundo melhor e agir em função dessa ideia. Acreditava que as nossas ações podem mudar o mundo e torná-lo melhor. E fazia-o, nas diferentes facetas da sua vida.

Aplicava com naturalidade todo o conhecimento que tinha às pequenas situações da vida e tinha uma disponibilidade grande para aprender e ajudar os outros a fazê-lo. Tinha visão, e usava-a principalmente para os outros. Percebia que o conhecimento é indispensável e que as diferenças no acesso ao mesmo são também uma forma de discriminação. Do que me lembro, desde pequeno, ficou-me sempre a ideia de empurrar e desafiar aqueles com que trabalhava a tentarem mais e melhor. 

Sem ter pensado nisso até agora, e estando numa área e num ambiente de trabalho tão diferentes das do pai, é mesmo algo mesmo bom de se fazer e uma forma natural de contribuir para que o sítio em que trabalhamos seja um (como se diz por aí) “great place to work”.

Acho que, às vezes, ficava desiludido porque achava que eu poderia atingir mais nos meus estudos. Fiz outras coisas que, sei, o deixaram contente. Tento replicar a forma séria, íntegra e corajosa como vivia e estava nas diferentes situações. E nem sempre é fácil.

Acho que ia ficar feliz de ver os meus rapazitos a correr lá por casa, assistir aos jogos do Daniel, trocar linhas certeiras com o David e desafiar o Dinis para ver um filme sentado ao seu colo a comer um bolo.

Com o passar do tempo, acho que me sinto cada vez mais próximo do pai. No gosto que tenho em ver alguns filmes de forma repetida. Na facilidade com que choro de orgulho e felicidade com as mais pequenas conquistas dos meus filhos. Nas fúrias que me dão. Na perceção de que a felicidade pode estar na forma curiosa como abordamos a vida e, se calhar, no prazer de estar com os outros, mesmo numa conversa com histórias já repetidas.